Folha de São Paulo, 27/02/2011 - São Paulo SP
Casal de ateus faz acordo e escola libera filhos de aula
No horário do ensino religioso, garotos do Paraná frequentam a biblioteca. Diretor de colégio diz que a "diversidade das crianças é respeitada" nas aulas, que não doutrinam alunos
DIMITRI DO VALLE DE CURITIBA |
Os pais de dois alunos de Pranchita, no interior do Paraná, fizeram um acordo com a direção da escola pública onde os filhos estudam para que eles deixassem de frequentar as aulas de religião. A professora Eliane Lambert Junkes, 26, e o marido, o caminhoneiro Alberi Junkes, 40, são ateus e defendem o direito de os gêmeos, de sete anos de idade, não serem "doutrinados" sobre a existência de Deus. A mãe de Marco Antônio e João Antônio não admite que as aulas de ensino religioso comecem com uma oração nem que Deus seja tratado como uma entidade real e superior, que zela pela humanidade e tem poderes para julgar as ações dos homens. O acordo foi feito no ano passado -as | crianças foram às aulas por quase três anos- e permitiu que, nesse horário, os meninos frequentem a biblioteca. Eliane diz que a decisão foi amigável. "Não quero que eles sejam doutrinados a crer. Ninguém precisa ser bom na vida porque tem alguém superior olhando. As pessoas devem ser boas porque isso é correto", afirma a professora. Eliane acredita que os filhos, quando amadurecerem, poderão adquirir conhecimento suficiente para decidir qual papel a religião terá em suas vidas. "Quando eles crescerem, teremos condições de conversar melhor", diz. HISTÓRIA DAS RELIGIÕES - A mãe dos garotos afirma que, se as aulas | tivessem outro tipo de abordagem, como a história das religiões, não se oporia ao aprendizado. "A história das religiões é importante para contar o processo de formação do homem. Jamais vou privar meus filhos do conhecimento, mas não é o que acontecia na escola", afirma. Procurado pela Folha, o diretor da Escola Municipal Márcia Canzi Malacarne, Everaldo Canzi, declarou que não daria entrevista por telefone porque considera o tema "complexo e amplo". Ele negou, no entanto, que as aulas tenham o objetivo de "doutrinar" os alunos a crer e disse que a "diversidade das crianças é respeitada". |
Essa questão do Ensino Religioso nas escolas é realmente uma polêmica, pois o ensino é deficiente e acima de tudo pode ser extremamente tendencioso. Em escolas que deixam isso bem claro é mais compreensível essas orientações católicas, espíritas ou qualquer outro credo. Em minha opinião, as escolas que não possuem uma orientação religiosa deveriam abordar sem nenhum preconceito a história das religiões, seja ela qual for pois as religiões e credos de origem afrobrasileiras sofrem enormes preconceitos, e essa atitude não reflete o papel que a educação deve ter.
Aprender sobre todas as religiões, doutrinas, sergmentos, filosofias sem professá-las é uma maneira de aprender várias disciplinas como história, geografia e artes além de ensinar as crianças e jovens a respeitar e valorizar a diversidade, competências imprescindíveis ao convívio social saudável. A escola não é local de doutrinar ninguém, nem mesmo limitar o pensamento e respeito por qualquer coisa que seja, cabe aos pais escolherem o não as igrejas que desejam que seus filhos conheçam e não as escolas ou as diretoras ou donos delas.
Antes de matricular seus filhos em alguma escola os pais devem investigá-las em todos os aspectos, quanto o currículo e proposta pedagógica, basta que eles peçam para ler tal documento e conversar com outros pais cujos filhos já estudem na instituição é uma maneira de evitar constrangimento, decepções e insatisfações.
"Na verdade, há tantas religiões quantos forem os indivíduos"
Ghandi
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