VILLAS BOAS, Benigna. É proibido repetir, mas é obrigatório aprender. In: Virando a Escola do Avesso por meio da avaliação. São Paulo: Papirus, 2008. Cap. 1, p.13-21.
Nascida em Bonfim, Minas Gerais, Benigna Villas Boas mora em Brasília há 50 anos. É Pedagoga de formação, possui mestrado, doutorado e pós-doutorado todos com estudos convergidos a sua área de atuação, estudou em universidades no exterior como Texas (USA) e Londres, Inglaterra. É professora da Universidade de Brasília de graduação e pós-graduação, coordenadora de pesquisas pedagógicas sobre Avaliação da Aprendizagem e Organização do Trabalho Pedagógico. Contribui inúmeros artigos, textos e periódicos. Publicou os livros: Virando a escola do avesso por meio da avaliação e Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico, obras estas que originaram de pesquisas sobre as deficiências das práticas avaliativas.
Nesse primeiro momento a autora, apoiada por inúmeros pesquisadores como Almeida Júnior, Sampaio e Dória e Leite aborda repetência escolar, fazendo críticas e comparações a outros países. Ressalta o que foi sugerido para que esse fenômeno fosse extinto, como o fim da reprovação, e a preparação prévia dos docentes, exclusão do pensamento seletivo presente nas instituições de ensino. Tais documentos referem-se a constatação da falta de desejo de cultura e conhecimento por parte dos alunos, no anseio pelo certificado. Cuja situação vem mudando em nosso país nos últimos tempos. Questiona os resultados negativos da repetência e sua permanência como método pedagógico, contribuindo para a instituição seletiva que é a escola, onde castigos e prêmios se constituem motivações no avanço do aprendizado. Levanta a colocação do aprendizado no lugar da reprovação, valorizando-o não só do aluno mas também do professor. Avalia as propostas de mudança ressaltando a ausência de uma: a confecção de um trabalho pedagógico que vise o aprendizado, e a necessidade e importância das avaliações realizadas de maneira competente e ética para com toda escola. Termina sua explanação nesse capítulo enfatizando na questão da aprovação como insuficiente para a comprovação da aprendizagem. Termina apontando os elementos que constituem o cenário da avaliação como repetência, aprovação e evasão escolar.
Benigna nos impõe uma reflexão que resulta em uma nova concepção quanto aos processos de ensino-aprendizagem nas escolas e salas de aulas, mas precisamente na avaliação desta. Trata da polêmica questão: a reprovação, esta que, em sua opinião com bases nos apontamentos de pesquisas anteriores, são a causa do fracasso escolar e mesmo diante da percepção negativa que esta acarreta, nada de concreto é feito para a mudança desse padrão cancerígeno. Inferimos de sua narrativa, a necessidade de trocar a aprovação por aprendizado, do despertar desse novo olhar por partes dos educadores no que diz respeito a ele e sua avaliação, perceberem na escola o seu sistema classificatório, assim como sua maior característica: a exclusão, feifadora de oportunidades e formação deficiente. A doutora refere-se a uma ausente atenção quanto à preocupação da construção de um projeto que enfatize o aprendizado, de ações centradas nele. No entanto, falta nessa fala uma ilustração de prática por parte dos leitores devida, talvez, a novidade das ideias expostas.
O texto é iniciado com os questionamentos iniciais acerca da reprovação e termina dando algumas dicas quanto às respostas destes. Trata-se de um conteúdo acadêmico, possuindo, portanto bases teóricas que legitimam a seriedade dos conteúdos expostos.
Benigna aborda em sua narrativa a questão não só da à avaliação, pois seu foco está na discussão no que se refere à apropriação do aprendizado, dos conteúdos e uso deles. É indicado para os cursos de formação de docentes sejam quais forem suas licenciaturas, tanto quanto profissionais já em atuação e até mesmo interessados em agregar conhecimentos no campo da avaliação de desempenhos, competências, treinamentos característicos ao meio corporativo.
Mirella C. F. Azenha
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